Em diversas ocasiões, reunido com amigos e executivos, sempre me questionam o que esperar de 2025 no âmbito econômico brasileiro. No meu ponto de vista, a economia brasileira enfrentará uma série de desafios e desenvolvimentos significativos. Após um crescimento robusto de 3,5% em 2024, projeta-se uma desaceleração para 2,2% em 2025, conforme estimativas do Banco Mundial.
Atividade Econômica e Setores Produtivos
O setor de serviços, que representa uma parcela substancial do PIB brasileiro, registrou uma queda inesperada de 0,5% em dezembro de 2024, marcando o segundo mês consecutivo de retração. Esse desempenho sugere sinais de arrefecimento na economia, apesar do crescimento anual de 3,1% no setor.
Inflação e Política Monetária
A inflação permanece acima da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 3% ao ano. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê que a inflação se manterá acima de 4,5% até junho de 2025, embora espere “surpresas positivas” devido ao aperto da política monetária e a fatores como uma boa safra agrícola e a valorização do real.
Em resposta às pressões inflacionárias, o Banco Central elevou a taxa Selic para 13,25% em janeiro de 2025 e sinalizou um novo aumento de 100 pontos-base em março, indicando uma postura firme no combate à inflação.
Dívida Pública e Desafios Fiscais
A dívida pública brasileira tem se mostrado sensível às altas taxas de juros, especialmente devido à dependência de títulos atrelados à taxa Selic. Com a manutenção de juros elevados, o custo de financiamento da dívida aumenta, representando um desafio adicional para a política fiscal do país.
Políticas Governamentais e Reformas
O governo implementou medidas para fortalecer a economia, incluindo a aprovação de uma reforma tributária que introduz o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e isenta produtos essenciais, como alimentos básicos e medicamentos. Além disso, foi lançado o programa “Desenrola Brasil”, visando a renegociação de dívidas de indivíduos e a facilitação do acesso ao crédito.
Perspectivas Futuras
As projeções para 2025 indicam um crescimento econômico moderado, com estimativas de expansão do PIB em torno de 2,2%. No entanto, desafios como a inflação persistente, a necessidade de consolidação fiscal e a sensibilidade da dívida pública às taxas de juros elevadas continuam a exigir atenção das autoridades econômicas e dos formuladores de políticas.
Mas, e sobre a inadimplência em 2025 ?
Em 2025, a inadimplência no Brasil apresenta tendências distintas para pessoas físicas e jurídicas, refletindo os desafios econômicos enfrentados por ambos os segmentos.
Pessoas Físicas
No início de 2025, a taxa de inadimplência para pessoas físicas, considerando recursos livres, foi projetada em 5,37% para janeiro, representando um aumento em relação aos meses anteriores.
Embora ocorreu redução no percentual de famílias endividadas nos últimos meses, as dívidas estão consumindo uma parcela maior da renda familiar.
Em janeiro, 20,8% dos brasileiros destinaram mais da metade de seus rendimentos ao pagamento de dívidas, o maior percentual desde maio de 2024. Essa situação é agravada por juros elevados e prazos de crédito mais curtos, o que pode manter a inadimplência em patamares elevados ao longo de 2025.
Pessoas Jurídicas
Para as empresas, a inadimplência atingiu níveis recordes em 2024. Em outubro, cerca de 7 milhões de empresas estavam inadimplentes, representando 32,3% do total de empresas no País. O valor total das dívidas alcançou R$ 156,1 bilhões. Fatores como altas taxas de juros e custos operacionais contribuíram para esse cenário.
As micro e pequenas empresas foram as mais afetadas, somando 6,5 milhões de negócios inadimplentes, com dívidas acumuladas de R$ 134,1 bilhões. Cada uma dessas empresas possuía, em média, sete contas em atraso.
Perspectivas para 2025
As projeções indicam que a inadimplência pode permanecer elevada em 2025, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. A manutenção de juros altos e o comprometimento crescente da renda das famílias e empresas são fatores que podem dificultar a redução desses índices. No entanto, medidas de renegociação de dívidas e programas de educação financeira podem auxiliar na mitigação desse cenário.
Artigo escrito por Roberto Grejo Jr., CEO da ABE & Grejo Sociedade de Advogados.