O desafio da inadimplência no Brasil

30 de outubro de 2024
imagem descreve o desafio da inadimplência no

Embora nosso foco seja a recuperação de crédito, a inadimplência crescente no Brasil é uma preocupação significativa. Quanto maior o número de devedores, menores são as possibilidades de circulação de capital na economia, o que reduz o consumo de bens e serviços, agravando a inadimplência e elevando o desemprego.

Entretanto, dados da Agência GOV, divulgados em 30 de agosto de 2023, indicam uma queda na taxa de desocupação, que atingiu 6,8% no trimestre de maio a julho de 2024.

Esse número representa uma diminuição de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (fevereiro a abril de 2024, com 7,5%) e uma redução de 1,1 ponto percentual em comparação com o mesmo período de 2023 (7,9%).

Apesar dessa melhora no desemprego, a inadimplência permanece alta devido a múltiplos fatores econômicos e sociais.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população economicamente ativa (PEA) do Brasil no primeiro trimestre de 2024 era de 108,826 milhões, dos quais 100,203 milhões estavam ocupados, representando 92,08% da PEA.

No entanto, mesmo com o aumento da ocupação, muitos brasileiros ainda enfrentam dificuldades financeiras em função do alto custo de vida, endividamento acumulado e elevadas taxas de juros, o que dificulta a regularização de dívidas e mantém o cenário de inadimplência em níveis elevados.

Em comparação, um relatório divulgado pelo Serasa em agosto de 2024 revela que 72,46 milhões de brasileiros estão inadimplentes. Isso significa que, da população economicamente ativa, pouco mais de 66,5% enfrentam dificuldades financeiras.

Uma dívida média por pessoa gira em torno de R$ 1.400,00 (mil e quatrocentos reais), enquanto o total médio de dívidas por indivíduo ultrapassa R$ 5.373,00 (cinco mil, trezentos e setenta e três reais).

Impacto da inadimplência

Para ilustrar, em um grupo de 100 pessoas, podemos afirmar que 67 delas estão inadimplentes, acumulando dívidas totais de aproximadamente R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais)!

Diversos fatores contribuem para a inadimplência, entre os quais se destaca o impacto das apostas esportivas, conhecidas como “Bets”.

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mais de 1,3 milhão de pessoas se tornaram inadimplentes no primeiro semestre de 2024 devido a essas apostas.

Entre junho de 2023 e junho de 2024, os brasileiros gastaram R$ 68 bilhões em jogos, o que representa 0,62% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Esse valor indica que 22% da renda disponível das famílias foi direcionada às apostas no último ano, gerando uma série de consequências econômicas e sociais.

O público jovem e de baixa renda é o mais afetado. O que inicialmente pode parecer uma forma de entretenimento, acaba comprometendo uma parte significativa do orçamento familiar, resultando em inadimplência e na diminuição do consumo de bens essenciais.

Além disso, outros fatores contribuem para a inadimplência, como o fantasma do desemprego, a elevação das taxas de juros, o descontrole financeiro e a redução da renda familiar, que se agrava com o alto custo de vida.

Entre esses aspectos, destaca-se o uso inadequado do cartão de crédito e do crédito pessoal, que frequentemente está associado a taxas de juros mensais exorbitantes.

Esses elementos se combinam, intensificando a situação financeira de muitas famílias e dificultando a regularização de dívidas.

De nossa parte, desenvolvemos e iniciamos a distribuição gratuita da cartilha de Gestão Financeira Corporativa para todos os devedores que liquidam seus débitos.

Com 45 páginas, a cartilha oferece uma verdadeira aula sobre comportamento financeiro, que se aplicada corretamente, as orientações contidas nela podem ajudar o devedor a evitar a reincidência, honrando seus pagamentos em dia.

Essa abordagem não apenas promove a recuperação financeira individual, mas também contribui para o progresso de nossos clientes e do país como um todo.

Conclusão

Em suma, a inadimplência é um desafio complexo que exige uma abordagem multifacetada.

Embora a recuperação de crédito continue sendo nossa prioridade, reconhecemos a importância de promover a educação financeira como uma estratégia eficaz para prevenir a reincidência.

A distribuição da cartilha de Gestão Financeira Corporativa é um passo significativo nesse sentido, oferecendo recursos e orientações que podem transformar a relação dos devedores com suas finanças.

Ao capacitá-los com conhecimento e habilidades, não apenas ajudamos a mitigar o problema da inadimplência, mas também contribuímos para um futuro econômico mais sustentável e próspero para todos.

Acreditamos que todos, clientes, ABE e Grejo Sociedade de Advogados, podemos construir uma sociedade mais consciente financeiramente, onde cada indivíduo tenha a oportunidade de honrar seus compromissos e contribuir para o crescimento coletivo.

 

Artigo escrito por Roberto Grejo Jr., CEO da ABE & Grejo Sociedade de Advogados.